Crise do coronavírus exige estratégias ambiciosas dos CIOs

Hoje as empresas lutam para inovar em suas estratégias de negócios, já que tudo que conheciam até o momento tem se modificado à medida que a crise do novo coronavírus se espalha pelo globo e traz consequências ainda incalculáveis. Para isso, muitas empresas precisam de projetos e estratégias ambiciosas, mas que em muitos casos já foram muito exploradas.
“Pense, em vez disso, como a Força-Tarefa de Engenharia da Internet, encarregada de desenvolver rapidamente padrões para a novata Internet. Em 1992, adotou o lema ‘Acreditamos no consenso aproximado e no código em execução’, incorporando um sistema e uma cultura de valores frequentemente chamados de ethos hackers”, sugere Vijay Gurbaxani, especialista em transformação digital, em artigo publicado na Forbes.
Gurbaxani diz que “para ter sucesso na atual crise desencadeada pelo COVID-19, empresas e líderes de tecnologia precisam adotar o ethos dos hackers”. O lema recomenda um foco em soluções práticas que demonstraram funcionar e que podem ser implementadas rapidamente, enquanto rejeitam abordagens de várias camadas de cima para baixo e soluções super projetadas, explica.
Esse viés determina um caminho focado em uma resposta rápida, o que também gera um feedback crítico essencial para o desenvolvimento de melhores soluções.
Ele conta que no ensino superior, o impacto do coronavírus eliminou as barreiras físicas da sala de aulas. A Universidade da Califórnia, onde leciona, o campus anunciou que os alunos seriam dispensados das aulas presenciais e as disciplinas seriam ministradas on-line. Tudo isso a duas semanas do início do trimestre.
Uma operação maciça de recursos técnicos foi instalada. “As plataformas de software, incluindo sistemas de gerenciamento de aprendizado, aplicativos de transmissão ao vivo e soluções de videoconferência, foram lançadas em toda a universidade. As equipes de tecnologia e os designers instrucionais trabalharam em conjunto com os professores para migrar os cursos para a nova modalidade. Na semana de 30 de março, todas as aulas foram ao ar”, conta Gurbaxani.
Essa transformação imediata não aconteceu só no sistema educacional. O especialista traz como exemplo uma empresa farmacêutica testando um novo medicamento. O processo estava em andamento quando houve a paralisação: os pacientes não podem ir aos laboratórios para testes clínicos, dados valiosos já foram coletados, novas rodadas de medicação, acompanhamento do progresso e etc.
“Os executivos não podem simplesmente encerrar o julgamento. Se o fizerem, a empresa terá perdido muito dinheiro e tempo e também terá que encontrar um caminho para os pacientes inscritos receberem medicamentos substitutos. Em vez disso, eles estão olhando para potencialmente mudar o meio do fluxo para um teste virtual”, explica.
Embora não funcione para todos os medicamentos, as equipes digitais precisam descobrir em pouco tempo soluções habilitadas para integrar visitas a prestadores de serviços de saúde em domicílio, monitoramento remoto, telemedicina e remessa de medicamentos para a residência.
A entrega online se tornou o novo normal para instituições de diferentes setores, que aplicaram ações que levariam uma década ou mais para chegar a esse nível de adoção.
Outro exemplo citado pelo autor é a entrega de compras e a coleta na calçada, um nicho que cresceu exponencialmente com as medidas da quarentena.
Hoje, o Walmart Grocery é o aplicativo mais baixado na categoria de compras na iPhone App Store, nos Estados Unidos. O tráfego médio diário nas três primeiras semanas de março aumentou 55% em relação ao valor correspondente nos dois meses anteriores.
“Aqui também, a tecnologia é fundamental. De aplicativos para clientes e compradores profissionais a sistemas para gerenciamento da cadeia de suprimentos e gerenciamento da força de trabalho”, enfatiza.
As empresas já estão se reinventando com boas ideias para a transformação digital. Entretanto, Gurbaxani alerta para o excesso de cautela. “Escolhendo a perfeição em detrimento da praticidade e cautela em relação ao progresso, muitos demoraram a avançar. Os CIOs, que geralmente são penalizados por falhas, tendem a favorecer o design meticuloso e a revisão do design antes de passar para a implementação. É hora de pensar de forma diferente”, afirma.
Fonte: CIO